Saiba o que faz o profissional que organiza e mantém coleções de
documentos!
Imagine
a cena: você precisa fazer uma pesquisa urgente e resolve ir à biblioteca.
Chegando lá, no entanto, descobre que não há catálogos nem sequer
uma pista que leve você ao que está procurando. A única forma de
tentar achar alguma coisa é vasculhando as estantes -- que, por
sinal, também não estão organizadas. O jeito é perder um tempo precioso
entre almanaques mofados e dicionários do tempo do seu avô até encontrar
um livro ou revista que possa ser útil. Já pensou? Ainda bem que
existe alguém trabalhando para que isto não aconteça: o bibliotecário,
cuja profissão é uma das mais antigas do mundo. Não acredita?!?
Para você ter uma idéia: no século 7 antes de Cristo, a biblioteca
do rei Assurbanipal, da Babilônia, tinha cerca de 30 mil obras escritas
em tabuletas de argila. Com o passar dos séculos, novas bibliotecas
foram surgindo, sendo a mais famosa a de Alexandria, no Egito. Na
Idade Média, entretanto, muitas delas desapareceram, e as que restaram
eram freqüentadas por uns poucos estudiosos. Felizmente, o surgimento
da imprensa no século 15 e a valorização maior da cultura permitiram
que os livros e as bibliotecas se multiplicassem, atingindo uma
parte cada vez maior da população. Hoje, para ser bibliotecário
é preciso estudar Biblioteconomia, que pode ser definida como a
área do conhecimento que estuda a organização, administração e utilização
das coleções de livros e outros documentos. No Brasil, o curso dura
quatro anos, é oferecido em várias universidades do país e tem o
objetivo de preparar o profissional para organizar e manter uma
biblioteca -- o que significa muito mais do que simplesmente "arrumar
estantes". Saiba que, para atender às necessidades do público, é
preciso ter uma boa cultura geral, aprender técnicas de catalogação
e classificação e conhecer métodos de pesquisa. Um bom bibliotecário
precisa também se manter informado e saber como passar essa informação
para os leitores. Além disso, deve ter habilidade para se comunicar
e muito jogo de cintura: imagine o que é lidar com vinte pessoas
ao mesmo tempo, todas elas reclamando porque o último Harry Potter
não foi devolvido na data marcada! Em algumas bibliotecas, principalmente
as públicas e as escolares, é comum os bibliotecários atuarem como
agentes culturais, promovendo oficinas, exposições e sessões de
leitura. Já nas bibliotecas especializadas, as coleções são voltadas
para uma área restrita do conhecimento, mas as pesquisas são mais
detalhadas. Assim, é importante que os bibliotecários conheçam o
objeto de estudo dos pesquisadores, a fim de melhor ajudá-los em
seu trabalho. Neste momento, talvez você esteja pensando que boa
parte das pesquisas, hoje em dia, é feita através da internet e
de outros meios de comunicação, e que eles não têm nada a ver com
as bibliotecas. Certo? Errado! Na verdade, os bibliotecários trabalham
com informação, esteja ela em tabuletas de argila, em rolos de papiro,
em livros ou até... em computadores! Isto é, a tecnologia muda,
mas os métodos são os mesmos. Quer um exemplo rápido? Se você entrar
num site de busca da Internet, vai encontrar tudo dividido em categorias,
exatamente como no catálogo de uma biblioteca. Aliás, é cada vez
mais comum que os próprios catálogos sejam informatizados, e os
documentos guardados em arquivos eletrônicos. A quantidade de informações
é cada vez maior, por isso é preciso haver profissionais dedicados
a organizá-las e a torná-las disponíveis. Assim, os bibliotecários
têm um amplo campo de atuação, pois, além das escolas, universidades
e outras instituições, eles podem trabalhar em editoras, centros
de documentação, sites... O importante é que, seja qual for a área
de trabalho, o bibliotecário esteja consciente do seu papel: contribuir,
através do acesso à informação, para que todos adquiram mais educação
e conhecimento, ajudando na construção de uma sociedade cada vez
mais justa.
Ana Lúcia Merege, Biblioteca Nacional.
Revista Ciência Hoje das Crianças 128.
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